21.7.09

Pré-desenho, 2009

barbante, lapiseira e papel
dimensão variável
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Este trabalho trata-se de um desenho que faço no espaço expositivo usando um barbante preto que, depois de percorrer as paredes, acaba pendendo do teto. Ao chegar quase à altura do chão, o barbante entra numa lapiseira e termina na ponta, como se fosse um grafite pronto para riscar um papel em branco.
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Pré-desenho é sobre a natureza do que se chama "desenho" que, a princípio, é sempre bidimensional, mas que pode ganhar o tridimensional. Num primeiro momento, ao olhar o grafismo que o barbante deixa na parede, vê-se um desenho, uma linha que também parece um corte no concreto, fazendo com que a percepção abandone a noção anterior de um desenho bidimensional para passar a "ver" algo com tridimencionalidade. Isso é ainda reforçado ao chegar perto e perceber que não se trata nem de uma linha desenhada e nem de um corte, mas de um barbante: um objeto. 
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O título do trabalho, Pré-desenho, refere-se a essa mistura das noções de bi e tridimensionalidade que podem se alternar e se misturar antes da mão desenhar, e às várias naturezas do que se convencionou chamar de desenho, que duelam entre si antes do próprio traço começar na ponta do grafite e do gesto, ou seja, na região do pré-desenho.
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Uma dessas noções ou naturezas é a de percurso, que também é uma espécie de desenho. Por isso, fiz este trabalho que é impossível de ser visto inteiro, de uma só vez. Ele percorre vários lugares do espaço expositivo, fura paredes, vai para fora, entra, etc, fazendo com que o desenho só se complete com o percorrer do observador, ao mesmo tempo em sua visão e em sua memória, como uma estrada que é impossível de ser vista ou percebida em sua totalidade.
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Instalei este trabalho na exposição Artérias e Capilares, na Galeria Vermelho em julho de 2009, e são as imagens desta exposição que se vê aqui. Para aumentá-las, basta clicar sobre elas.
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Acima, imagem da sala 2 da Galeria Vermelho, onde começava a instalação, num dos cantos. O início era num furo na parede de onde saía o barbante, contornava o canto e novamente entrava na parede perpendicular, num outro furo.
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Para ir da sala 2 para a sala 3, o barbante ultrapassava o corredor externo que há entre um prédio e outro da galeria (imagem acima).
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Como se vê na fotografia acima, o barbante entrava na sala 3 por um furo no concreto, percorria toda a parede lateral da sala, acima do espaço Tijuana, subia paralelo à porta, percorria parte do teto e então caía, entrava numa lapiseira, como se fosse um grafite, e ficava pentende sobre um papel em branco.
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