Criado como um site specific para a Banca Tijuana, na Galeria Vermelho em São Paulo, no Sebo Encanto Radical são vendidos exemplares da coleção
Encanto
Radical, da Editora Brasiliense, adquiridos de outros sebos. Iniciada na década
de 1980, a Encanto Radical é uma coleção de biografias em formato de bolso cuja
escolha dos biografados deixa claro o pensamento progressista da editora.
Como todo bom sebo que deixa-se marcar nas páginas dos livros através de carimbos, selos, adesivos, etc, as marcas do Sebo Encanto Radical são duas gravuras impressas em relevo seco: um
diálogo no índice de cada exemplar – que fala sobre a vida pertencer ao
mundo e, assim, à história – e uma traça de livro numa página qualquer do miolo (imagens a seguir, clica em cima que aumenta).
Os exemplares não são assinados ou numerados já que obra não parte da ideia de
tiragem, mas sim de instalação em permanente manutenção e renovação do estoque.
Além de um claro
posicionamento à esquerda, na escolha dos biografados (Karl Marx, Simone Weil,
Emiliano Zapata, George Lukács, Salvador Allende, José Carlos Mariátegui, Emma
Goldman, Pancho Villa, Pier Paolo Pasolini, Ho Chi Minh), a coleção também evidencia
escolhas pontuais: Garrincha em vez de Pelé; Mae West em vez de Marylin Monroe;
Murilo Mendes em vez de Carlos Drummond de Andrade; Flávio de Carvalho em vez
de Di Cavalcanti; Marcel Duchamp em vez de Picasso; Salvador Allende em vez de
Che Guevara.
Na escolha dos biógrafos há ainda nomes significativos ou que
foram ganhando significado com o tempo: Sergei Eiseinstein biografado por Arlindo
Machado; Walter Benjamin por Jeanne Marie Gagnebin; Emiliano Zapata por Eric
Nepomuceno; Leon Tolstoi por Boris Schnaiderman; Simone Weil por Ecléa Bosi; Roland Barthes e Lautréamont
por Leyla Perrone-Moisés; Barão de Itararé por Leandro Konder; Procópio
Ferreira por Décio de Almeida Prado; James Dean por Antônio Bivar; David W.
Griffith por Ismail Xavier; Jesus a. C., Bashô e Cruz e Sousa por Paulo
Leminski. E, na lista A SAIR, que era publicada logo no início dos exemplares
da década
de 1980, constam vários títulos que infelizmente minhas pesquisas não
conseguiram confirmar se chegaram ou não a ser publicados: Arthur Rimbaud
biografado por Caio Fernando Abreu; Mário de Andrade por Cacaso; Rosa
Luxemburgo por Marilena Chauí; Maiakovski por Boris Schnaiderman; Bakunin por
João Silvério Trevisan.